Sapos podem ajudar cientistas a prever terremotos e outros desastres naturais



sapos podem ajudar a prever terremotos. foto: ap
LONDRES - O sexto sentido dos animais pode ajudar cientistas a desenvolver uma forma mais segura de prever desastres naturais como terremotos e tsunamis. Diversos estudos mostram que os bichos têm uma espécie de supersentido que funciona como alerta quando um desastre é iminente. No terremoto em L'Aquila, na Itália, no ano passado, pesquisadores identificaram que os sapos sumiram do maior lago da cidade algumas horas antes do acontecimento. Os pesquisadores não sabem explicar exatamente porque isto acontece, mas defendem que os animais conseguem perceber mudanças sutis no meio ambiente, como certos sons, tremores ou variações mínimas de temperatura.
Agora cientistas da Open University, na Inglaterra, que acompanharam o sumiço dos sapos em L'Aquila, querem descobrir exatamente o que faz os sapos e outros animais, como tubarões, peixes e aves, entrarem em alerta antes de um desastre. O estudo pode ser lido na íntegra no "Journal of Zoology" deste mês.
- Nosso estudo é o primeiro a documentar o comportamento animal antes, durante e após um terremoto. As descobertas indicam que os sapos conseguem detectar variações pré-sísmicas, como a liberação de gases e outras partículas do solo - afirma a pesquisadora Rachel Grant, uma das coordenadoras da pesquisa.
Para cientistas russos que também acompanham o levantamento feito na Itália, os sapos conseguem identificar a liberação do gás radioativo rádon do solo, ou a presença de partículas diferentes na ionosfera, a mais alta camada eletromagnética da atmosfera terrestre. Seja qual for a resposta, Rachel Grant afirma que os sapos existem a 450 milhões de anos, tempo suficiente para que eles desenvolvessem um mecanismo de defensa contra estes desastres naturais.
É difícil realizar trabalhos científicos para apurar como os animais respondem a atividades sismológicas, em parte porque terremotos são raros e imprevisíveis. Alguns estudos se concentraram no comportamento de animais domésticos, mas é mais difícil avaliar a resposta de animais selvagens. Além disso, o prazo para se avaliar uma reação também pode ser muito curto. Peixes, roedores e cobras tendem a mudar de comportamento muito pouco tempo antes de um terremoto.